Como Saber Se Você Anda se Sabotando 

Introdução

Nosso traidor interno mais difícil de detectar é a autossabotagem, uma prática inconsciente que nos impede de alcançar nossos objetivos. Nesta análise aprofundada, extraída de um episódio do podcast “Sai da Média”, exploramos a autossabotagem e oferecemos conselhos práticos sobre como identificar e superar esses comportamentos limitantes.

Reconhecendo a Autossabotagem

A autossabotagem é um conjunto de comportamentos, pensamentos e emoções que nos impedem de alcançar nossos objetivos. Ela pode se apresentar de várias maneiras, desde ser excessivamente útil, evitar conflitos, ser hiper-vigilante ou hiper-racional.

Por exemplo, alguém que se autossabota através da excessiva prestação de ajuda pode acabar negligenciando suas próprias necessidades e objetivos ao se concentrar demais em atender às expectativas dos outros. Imagine alguém que, ao invés de dedicar tempo ao seu projeto pessoal, passa a maior parte do dia ajudando colegas e amigos com seus problemas. Da mesma forma, uma pessoa que evita conflitos a qualquer custo pode acabar se afastando de oportunidades importantes simplesmente por medo de enfrentar situações desconfortáveis, prejudicando seu crescimento profissional ou pessoal. A hiper-vigilância, por outro lado, pode manifestar-se como uma constante preocupação com o que pode dar errado, levando a um estado de paralisia por análise, onde a pessoa fica tão preocupada em prever e evitar falhas que nunca toma uma atitude proativa em direção aos seus sonhos. Por fim, a hiper-racionalização pode fazer com que alguém ignore seus sentimentos e intuições, confiando exclusivamente na lógica, o que pode levá-los a tomar decisões que não são verdadeiramente satisfatórias ou que negligenciam aspectos importantes da vida.

Autossabotagem e ganhos secundários

Um dos conceitos mais intrigantes discutidos no podcast foi a ideia de “ganho secundário”. Isso se refere aos benefícios ocultos que obtemos com nossos comportamentos autodestrutivos. Por exemplo, uma pessoa que evita conflitos pode manter o status quo e evitar desgaste emocional, embora isso possa significar que seus problemas não sejam resolvidos.

Outro exemplo de ganho secundário pode ser observado em indivíduos que procrastinam. Embora a procrastinação possa parecer um hábito de autossabotagem que impede a pessoa de atingir seus objetivos, ela também serve como um mecanismo de defesa contra o medo do fracasso. Ao adiar tarefas importantes, o indivíduo evita temporariamente enfrentar a possibilidade de não atender às expectativas ou de não ser bem-sucedido, proporcionando uma sensação de alívio imediato, ainda que isso possa resultar em consequências negativas a longo prazo. Dessa forma, o ganho secundário da procrastinação é a proteção contra a ansiedade e a preservação da autoimagem, mesmo que isso custe o progresso pessoal e profissional.

Autossabotagem e o Poder das Palavras

A autossabotagem não reside apenas em nossas ações, mas também em nosso discurso interior. Palavras como “tentar”, “querer”, “precisar” e “porém” são frequentemente mencionadas como autossabotagens comuns. Elas podem indicar hesitação, falta de compromisso ou resistência frente ao nosso crescimento e desenvolvimento.

Por exemplo, quando dizemos “Eu vou tentar ir à academia amanhã”, ao invés de afirmar “Eu vou à academia amanhã”, estamos deixando um espaço aberto para a possibilidade do não cumprimento dessa ação, mesmo que inconscientemente. O uso da palavra “tentar”, neste contexto, suaviza nosso compromisso com a meta, podendo resultar em uma maior facilidade em aceitar o fracasso ou em não priorizar a atividade em questão.

Outro exemplo claro é quando expressamos desejos ou necessidades usando “querer” ou “precisar”, como em “Eu quero perder peso” ou “Eu preciso estudar para o exame”. Embora pareçam frases motivacionais, elas podem revelar uma separação entre o eu presente e a ação futura, sugerindo que essas metas são desejáveis mas não integradas como partes obrigatórias do nosso cotidiano.

Finalmente, a inclusão de “porém” em nossos discursos pode revelar resistência à mudança, por exemplo, “Eu gostaria de mudar de emprego, porém é muito arriscado”. Esta palavra frequentemente introduz justificativas para não seguir em frente com nossas decisões, evidenciando uma luta interna entre o desejo de crescimento e o medo do desconhecido ou do fracasso.

Através da conscientização e da modificação do nosso discurso interno, é possível reduzir a autossabotagem, reforçando compromissos com nossas ações e metas. Este é um passo crítico para superar os obstáculos internos que nos impedem de alcançar nosso pleno potencial.

O poder das palavras

Além de ser um meio para a autossabotagem, as palavras também são uma maneira poderosa de superá-la. Esse conceito foi referido como “impeccabilidade da palavra”. Nós podemos usar palavras de maneira intencional para combater pensamentos e comportamentos sabotadores.

A prática da “impeccabilidade da palavra” envolve escolher cuidadosamente as palavras que usamos, tanto em diálogos internos quanto em conversas com os outros, para promover a autoestima e o progresso em direção aos nossos objetivos. Por exemplo, substituir o “eu tentarei” por “eu farei” fortalece nosso comprometimento e aumenta nossa responsabilidade pessoal. Imagine uma situação onde você se compromete a concluir um projeto até o final do mês. Ao invés de dizer para si mesmo ou para outros, “Eu vou tentar terminar este projeto até o final do mês”, afirmar “Eu vou terminar este projeto até o final do mês” elimina a possibilidade imaginária de falha e reforça seu comprometimento com o resultado.

Outro exemplo prático pode ser encontrado no contexto de mudanças de estilo de vida, como iniciar uma dieta ou rotina de exercícios. Dizer “Eu preciso emagrecer” ou “Eu deveria começar a me exercitar” carrega uma conotação de obrigação que pode ser desmotivante. Ao remodelar essas declarações para “Eu escolho comer de forma saudável” ou “Eu me comprometo com o exercício diário”, a mudança de linguagem gera empoderamento e uma atitude proativa, transformando a tarefa em uma escolha pessoal positiva ao invés de uma imposição.

Essas pequenas alterações na maneira como falamos conosco e com outros podem ter um efeito profundo em nossas ações, ajudando a superar a autossabotagem ao construir confiança e determinação. Portanto, a “impeccabilidade da palavra” não é apenas uma prática de monitoramento da fala, mas também uma ferramenta poderosa para cultivar uma mentalidade focada e resiliente.

O Caminho para Superar a Autossabotagem

A chave para superar a autossabotagem é a autoconsciência. Identificar e nomear nossas vozes sabotadoras internas é o primeiro passo. O próximo é refletir sobre nossos comportamentos e fazer melhorias. Devemos equilibrar os vários aspectos de nossa personalidade, evitando extremos e celebrando nossas conquistas.

Um exemplo prático dessa estratégia pode ser visto no contexto profissional. Imagine que você tenha um grande projeto pela frente e sua voz interna sabotadora começa a sugerir que você não é capaz de realizá-lo com sucesso. O primeiro passo seria perceber esse pensamento autossabotador e nomeá-lo, reconhecendo-o como um obstáculo mental, não uma verdade absoluta. Após essa identificação, você poderia refletir sobre as origens dessa crença limitante, talvez lembrando de vezes anteriores em que superou desafios semelhantes ou reconhecendo que essa sensação de incapacidade é um padrão recorrente sem base na realidade atual.

Para concretizar essas reflexões em ações práticas, você poderia então dividir o grande projeto em tarefas menores e mais gerenciáveis, estabelecendo pequenos objetivos e celebrando cada conquista ao longo do caminho. Essa abordagem não apenas diminui a sensação de sobrecarga mas também cria uma série de evidências contra a crença autossabotadora, reforçando sua autoconfiança e capacidade. Ao fazer isso, você está não apenas superando a autossabotagem, mas também criando um ciclo positivo de autoeficácia e realização.

Encontre Seus Superpoderes

Uma maneira poderosa de combater a autossabotagem é identificar e utilizar nossos “superpoderes”. Estes são nossos pontos fortes únicos que podemos usar para superar as vozes sabotadoras. A gratidão também é uma estratégia poderosa. A prática diária de agradecimento pode nos ajudar a manter uma perspectiva positiva e nos proteger da autodestruição.

Identificar nossos “superpoderes” pode ser um processo revelador e empoderador. Estes pontos fortes são, muitas vezes, habilidades ou qualidades que naturalmente possuímos ou desenvolvemos ao longo do tempo por meio de nossas experiências. Por exemplo, se você é excepcionalmente bom em organizar e planejar, esse pode ser um superpoder no contexto de superação de tarefas intimidadoras. Ao se deparar com um projeto grande e complexo, invés de ceder ao pânico inicial, você pode utilizar sua habilidade de organização para quebrar o projeto em partes menores e mais administráveis, estabelecendo um cronograma para cada etapa. Essa abordagem não só torna o objetivo final mais acessível como também oferece uma série de ‘pequenas vitórias’ ao longo do caminho, que podem ajudar a construir o ímpeto e a confiança necessários para vencer a autossabotagem.

Da mesma forma, a prática da gratidão pode ser exemplificada através de um diário de gratidão. Dedicar alguns minutos no final do dia para registrar pelo menos três coisas pelas quais você é grato pode ser uma forma simples, mas poderosa, de fortalecer uma mentalidade positiva. Essas podem ser conquistas pessoais, qualidades em si mesmo que você aprecia ou até momentos felizes do dia. Este exercício ajuda a realinhar o foco do cérebro das preocupações e medos para as coisas positivas da vida, reduzindo a tendência à ruminação negativa que alimenta a autossabotagem.

Conclusão

Superar a autossabotagem é um processo contínuo que requer consciência, compreensão e ação consciente. Ao nos tornarmos atentos à linguagem que usamos, reconhecer e mobilizar nossos superpoderes, e praticar a gratidão, podemos construir um terreno sólido contra as vozes internas que buscam nos deter. É importante lembrar que a jornada para superar a autossabotagem não é linear e pode apresentar desafios ao longo do caminho. No entanto, cada passo dado em direção à autoconsciência e ao autoempoderamento é um passo para uma vida mais plena e realizada. Cultivar uma mentalidade positiva, celebrar nossas conquistas, grande ou pequenas, e tratar-nos com compaixão são práticas fundamentais nessa jornada. Ao fazer isso, não apenas enfrentamos nossas vozes sabotadoras, como também abrimos caminho para alcançar nosso potencial máximo, levando uma vida marcada pela autoconfiança e pelo sucesso.

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